Em Ortodoxia, G. K. Chesterton nos diz que “o louco não é um homem que perdeu a razão. O louco é um homem que perdeu tudo exceto a razão”.

O ser humano foi abençoado por Deus com o dom da razão, de pensar livremente. No entanto, levando em conta que a humanidade tende ao erro,  ela degenera essa benção em maldição. Muito se morreu – e se matou – em prol de uma visão puramente racionalista e em tons pastéis do mundo e das relações humanas.

Na sétima conferência do curso pedagógico dado em 1950 em Schoenstatt, presente no livro Linhas Fundamentais de uma pedagogia moderna para o educador católico, o Padre Kentenich chama a atenção sobre a loucura racionalista moderna.

“Na imagem do homem intelectualista ou conscientista, a razão ocupa o centro, como valor máximo. Porém está separada de Deus e do organismo da natureza humana. Temos então a deserção da estrutura objetiva do ser. Por isso, este estado de espírito foi considerado o maior inimigo da vida”.

Eu sou universitário. Uma das coisas mais gritantes nesse meio é que muito do que se faz não é para o enriquecimento pessoal ou progresso científico. A maior parte da pesquisa é feita para preencher o Currículo Lattes e conseguir, com isso, talvez entrar na pós-graduação. E esse mecanicismo é exaltado como sinônimo de progresso. E quem percebe isso é exposto ao ridículo, chamado de preguiçoso ou imaturo.

É uma linha de produção mecânica e racional. Não raro se veem acadêmicos entrando em colapso, paranoicos e desesperados.

Tão racional que beira a loucura.

Curiosamente, essa cultura racionalista acaba levando o homem para aquilo que ela diz combater: o homem como escravo de suas paixões. Como o Padre Kentenich diz:

“A imagem intelectualista foi substituída pela vitalista e a econômica. O homem vitalista é idólatra da vida instintiva (…) ou reina a ‘fera’ separada de Deus e do organismo do homem, ou a natureza é subjugada de maneira sem igual, mas ao mesmo tempo o homem torna-se o escravo da natureza. O último rebento da imagem vitalista, cultivada hoje nas universidades, é o existencialismo. Nele consiste a tarefa do homem de vencer as dificuldades que provêm do interior e do ambiente, pela ‘vontade de poder’, mas totalmente separado de Deus e da sobrenatureza. De modo convulsivo carrego a sorte que me impele…

O Padre Kentenich via em Nietzsche um representante típico do homem moderno, que antecipou vários dos problemas atuais da humanidade.

No texto anterior, comentei sobre o homem que, não encontrando satisfação na idolatria de si, procura seu deus na máquina. Deus Ex Machina. Tudo isso é fruto do desequilíbrio corpo-alma-espírito. Todo desvio da ordem do ser e do agir feito pelo homem tornou a sociedade arruinada, decadente, doente, louca.

A humanidade beira o abismo. Aonde chegará? Poderá degradar-se mais profundamente? Pode a imagem do homem tornar-se mais caricatura do que já o é?

Se me permite responder, Pai, não devemos subestimar a humanidade no seu esforço em prol da própria decadência.

No entanto, o senhor mesmo disse:

Reconsiderai as linhas gerais já traçadas: filialidade heroica, comunidade perfeita e vigorosa vontade de configuração (…). Permanecendo com o pensamento central de ontem, temos de transformar o homem segundo a figura do Ecce Homo: devemos transformá-la em Cristo!

Sobre o Autor

Líder de Ramo do Jumas Santa Maria (RS) e estudante de Engenharia de Computação na UFSM.