Nas últimas semanas tivemos o conhecimento que alguns jovens pertencentes à Juventude Apostólica de Schoenstatt escreveram uma carta intitulada “Carta aberta à Família de Schoenstatt do Brasil”. Desta carta muitas pessoas se manifestaram, elogiando ou criticando, concordando ou discordando do conteúdo da carta.

Mas gostaria de apresentar uma outra perspectiva sobre esta carta. Acredito que mais importante que o conteúdo da carta é a existência da mesma e os questionamentos que podemos fazer a partir de toda essa situação. “Por que foi necessário uma carta? Será que uma hora de conversa não bastaria?”

Destes questionamentos nota-se a existência da distância que há entre os remetentes e os destinatários, e que a comunicação entre as partes parece ínfima e sem autenticidade. Sendo necessário um documento oficial para apresentar as inquietações juvenis. Tais características, em uma família, levam à degradação e a deterioração dos vínculos.

Considerando as lideranças, os superiores e os assessores como os pais desta família e os que lhes são confiados como os filhos, os faço o seguinte questionamento: Como não pudemos escutar nossos filhos? Será que em meio às discussões de casal esquecemos de ouvir àqueles com que nos comprometemos a cuidar? Será que quando o filho chegava e pedia a atenção do pai, outras tarefas eram mais importantes? Ou será que era mais importante zelar pela imagem de uma família perfeita do que de fato viver isto?

Será que não percebemos os sinais que os jovens nos mostram? Se de fato foi isso que aconteceu, então por que aconteceu? E esta reflexão é essencial para observarmos onde estamos falhando, para aprender a nos educar e assim estarmos aptos para a construção de um diálogo aberto e sincero entre quem quer que seja.

A construção do diálogo interpessoal é como construir pontes, pois não é uma tarefa unilateral, mas é um esforço comum entre todos na família. Na construção do diálogo é necessário buscar ao outro. Mas mais uma vez faço um questionamento, será que estamos dispostos a ouvir aos outros? A buscarmos a escuta ativa e a empatia? Será que nos momentos em que os nervos excedem a razão somos capazes de deixar de lado todo o sentimento e buscar a voz do outro ao invés de projetar o nosso barulho interior?

Como reagimos ao recebermos a Carta Aberta da Juventude? Deixamos a indiferença, a raiva ou a soberba tomar conta? Qual sentimento que repercutiu em cada um de nós? E como reagimos a esses sentimentos? São perguntas que poderíamos nos fazer.

Mas mais que perguntas, nós buscamos respostas, e a única resposta que temos é que nosso fim último reside em Cristo. E como é em direção a Ele que caminhamos, o que Cristo quer dizer a cada um de nós a partir de tudo isso?

O texto expressa a opinião do autor e está sobre a responsabilidade do mesmo.

Daniel Angelo Esteves Lawand

Sobre o Autor

Juventude Masculina de Schoenstatt.