Hoje é dia dos pais. É um dia que nossa sociedade não costuma dar muita atenção – mesmo no comércio, ele é deixado meio que de lado. Isso tem uma ligação com o “limbo” em que a figura paterna tem estado nos últimos tempos. Crescemos apegados e rodeados por nossas mães, enquanto nossos pais são aquele ente distante, lembrado mais para pedir dinheiro. Muitas vezes – meu caso, por exemplo – crescemos sem um pai do lado.

O Padre Kentenich sempre deu atenção ao papel da família. No livro Linhas Fundamentais de uma Pedagogia Moderna para o educador católico, na décima segunda conferência, o Pai Fundador cita, separadamente, os papéis do pai e da mãe, e como cultivar esse papel sob uma perspectiva de Schoenstatt. Sobre o papel do pai, ele fala:

É sempre a mesma estrutura de pensar: ‘Ordo essendi est ordo agendi’. Em que se arriga a consciência de Pai (…)? Na Santíssima Trindade atribui-se a Deus Pai a propriedade de gerar (…). Por isso, o Pai [terreno], aqui na terra, como participante desta propriedade de Deus Pai, é o portador último da autoridade. A autoridade paternal de Deus é a forma primordial da autoridade humana (…). A consciência de pai, portanto está alicercada na atividade genitora. Ela efetua-se principalmente pela educação à obediência e à ousadia (…). Por isso, em todos os sentidos, o pai é por excelência o transparente admirável e imediato de Deus Pai”.

O Padre Kentenich, nesse trecho, afirma que a missão de um pai é, simplificando, ser espelho para seus filhos do que Deus é para o mundo. O pai deve, segundo ele, ser portador de uma autoridade imutável (ou seja, que não oscila), ser “onipresente” para seus filhos (se não fisicamente, ao menos espiritualmente, tendo-os sempre em seu coração, colocando-os em primeiro plano), estar a par de tudo que acontece com seus filhos (não de forma opressora, mas de forma bondosa, que eleva para o alto, acreditando no bem existente no filho apesar de tudo).

Pais, sede santos, como vosso Pai que está nos céus! Quem é santo? Aquele que gira continuamente em torno do Pai Eterno, de seus desejos e de sua vontade”.

No entanto, não vemos muito isso hoje em dia. O Pai Fundador também não. Inclusive, o Padre Kentenich afirma que a ausência da figura paterna como reflexo do Pai é uma das causas da desvinculação do homem moderno de Deus.

Se o pai é reflexo de Deus, por que se vincular a alguém ruim?

“Nietzsche teve clareza sobre a vida moderna, falando a seu respeito com vigor de expressão. Advertiu não mais existir ‘reinos de crianças’ por ter desaparecido o ‘reino de pais e mães autênticos’. Não há crianças genuínas, porque não possuímos verdadeiros e autênticos pais (…). De modo instintivo, a criança transmite ao Pai Celeste a imagem do pai terrestre. E se a humanidade hodierna está doente e não consegue vincular-se a Deus, é porque o pai terrestre reflete demasiadamente pouco a imagem do Pai Eterno”.

Nós, como futuros pais (seja no matrimônio ou como pais espirituais), devemos estar constantemente a busca de sermos a força formadora. De não cedermos simplesmente aos desejos do nosso coração, aos nossos instintos, mesmo que o mundo ao nosso redor esteja desabando e mesmo que a nossa situação familiar não seja a mesma que sitcoms dos anos 90. O pai deve ser a imagem primordial de Deus Pai.

“Poucos são os pais que hoje conhecem essa orientação metafísica. Como são inconstantes e volúveis. Tornaram-se joguetes das correntes da época e dos desejos e paixões do próprio coração. Onde está a imagem, o reflexo do Pai Eterno (…)? Por todo o meu ser hei de me constituir autor do procedimento da criança. A criança quer isso do pai, como mais tarde há de exigir de Deus Pai. Tudo tem de estar unido ao respeito profundo, canalizado a serviço da criança”.

O pai genuíno sempre aponta para o alto. Este é o ideal genuíno de Pai: imagem terrestre do Deus Pai, no seio da Santíssima Trindade.

“O ideal do pai terrestre: inexorável justiça, probidade e retidão! No ambiente e no círculo de sua família. Não anda por caminhos tortuosos, mas é a justiça e a verdade personificadas!

Sobre o Autor

Líder de Ramo do Jumas Santa Maria (RS) e estudante de Engenharia de Computação na UFSM.