Engling era possuído de um forte espírito de sacrifício que era para ele sua fonte de valentia. Não almejava promoções ou condecorações, tudo fazia simplesmente pelo fidelíssimo cumprimento do dever. Sua bravura se manifestava sempre que em situações difíceis pudesse acudir algum camarada.
Na Primeira Guerra Mundial como Soldado, foi testemunho vivo de como a santidade pode ser vivida em ambientes totalmente adversos e desestruturados. No Inferno da guerra, se esforçou pela santificação e por viver fielmente a Aliança de Amor pelas contribuições ao Capital de Graças. Seu diário relata o heroísmo de uma vida entregue a Deus sob o cuidado e proteção de Maria.
As folhas de seu exame particular e horário espiritual são conservadas. Trazem consigo marcas dos dedos sujos de terra e resquícios de cera, marcas das inacreditáveis situações que por vezes eram feitas: em trincheiras, barrancos, à beira das estradas ou a noite sob a luz da vela. No processo de beatificação, muitos bispos, que outrora foram soldados, ficaram admirados ao verem tais escritos.
José Engling foi fiel ao chamado de Deus. Mesmo na guerra, trabalhou sem cessar pela divulgação da devoção à Mãe de Deus, não descuidou de seus propósitos de autoeducação através do controle diário de seu Horário Espiritual e Exame Particular. Em seus contínuos diálogos com Mãe de Deus, dizia-lhe: “Querida Mãezinha, quero aproveitar as difíceis circunstâncias em que me colocaste, para me santificar o mais depressa possível. Na vida militar, tu me deste uma ótima ocasião, embora espinhosa. Quero aproveitá-la. Chamaste-me a ser teu vassalo. Quero esforçar-me por aproximar todos de ti.”

Tudo Para Todos e Inteira Propriedade de Maria
Viveu imbuído do espirito de seu Ideal Pessoal: “Ser tudo para todos”. Durante a guerra em certa ocasião um companheiro é destinado para a patrulha noturna. As 20 horas deveria se apresentar ao comandante. O soldado havia ficado mudo ao receber a ordem. Era um dos mais velhos da companhia. Estava casado e tinha vários filhos. A patrulha poderia significar para ele a morte. Uma lágrima correu por sua face. Estava perdido em seus pensamentos, como ausente, recordando seus seres queridos e despedindo-se talvez espiritualmente deles. José o observava e se dava conta da profunda dor em que estava submergido. Em silêncio tomou uma decisão. Quando seu camarada se levantou, preparando-se para partir, José o deteve e simplesmente lhe disse: “fica aí camarada, eu vou por ti”. Essa noite José o substituiu na patrulha.

Personalidade Firme
Numa tarde de 30 maio, seu batalhão recebe a ordem de desenvolver intensa atividade, para hostilizar sem descanso a base inimiga. Enquanto essas determinações eram baixadas, ali, à beira do Lys, a graça divina trabalhava em Engling. Seus pensamentos giravam entorno do dia que passará e do horário espiritual que havia sido cumprido com êxito. Um profundo sentimento de gratidão enchia sua alma, recordava os tempos de Schoenstatt e o Ideal de vida que ali descobrira. Em toda a parte, encontrava a mão de Maria, que o cumulava de graças. Tudo quanto havia de bom e belo em sua vida foi presente de sua bondade. Como lhe retribuir? Só havia uma maneira: o Sacrifício da própria vida no campo de batalha. Firmemente eleva uma prece: “ Se for compatível com teus planos, deixa-me ser vítima pelas tarefas que tu mesma reservastes à nossa congregação. ”
Na fronteira Oeste da Alemanha, os acontecimentos se aproximavam do seu trágico fim. Nos últimos dias de setembro, o inimigo conseguiu abrir uma grande lacuna na frente alemã ao norte de Cambrai. A Direção Superior do Exército alemão achava-se diante de uma situação muito angustiosa. Deveriam fechar todas as entradas nas diversas divisões de frente; mas se em um lugar fechavam uma lacuna, imediatamente abriam-se duas. A força defensiva do Exército começava a fraquejar. Os regimentos que foram enviados para a frente se dispersaram ante o ataque em massa do inimigo, e falharam lamentavelmente sob às ordens de quem os dirigia.
Uma Oferenda agradável
Tomou a sério sua entrega de vida, e quando pressentiu sua morte no campo de batalha, disse ao amigo José Mehl: “ A Mãezinha está comigo. Estou preparado e tenho tudo em ordem. ” Naquela noite de 3 de outubro de 1918, ordenou-se surpreendentemente à tropa de José Engling que marchasse à frente perto de cambrai, e na escuridão da noite seu regimento se deslocou até a o povoado, que ainda pela manhã, ardia pelo bombardeio, eles se escondiam pelos barrancos.
Aproveitando uma pausa da artilharia, saem do esconderijo e arremetem rumo a faixa, deixando de lado a encruzilhada perigosa. Nesse instante estala uma nova descarga de granadas. Uma delas, como que guiada por uma mão, em vez de explodir na encruzilhada como as demais, desce uns duzentos metros a direita. Ao fulgor lívido da explosão, recorta-se a silhueta de uma esquadra de soldados, cujo o guia cai. Os demais se dispersam. Acabado o bombardeio, um homem é encontrado esvaindo em sangue com o peito aberto e destroçado. Imediatamente reconhecem nele o soldado José Engling morto em campo de batalha. O dia é quatro de outubro de 1918, entre as dezoito e dezenove horas.

O Mundo todo é nosso campo de batalha.
O mundo todo é nosso campo de batalha e atuação, sob a proteção de Maria vamos conquistar um mundo novo. Conquistar um mundo novo e colocá-lo aos pés de Deus. Como Engling, “não devemos ser somente gente piedosa, não somente nos sentir em casa no céu, senão que também devemos estar em casa na terra e cuidar que a terra chegue a ser um pedaço do céu. ”
Nosso Pai e Fundador, Pe. Kentenich dizia que anos jubilares são anos de recordação. Nestes 100 anos de sacrifício, recordemos, pois, o outubro de 1918, mais precisamente o dia de Sacrifício de José Engling. No Brasil nos preparamos com grande entusiasmo o Centenário de José Engling. A Fackellauf Nacional, nos inspira a assumir a sua Missão, à inflamar o Brasil com o fogo do Cristo Tabor.

Sobre o Autor