Por Andrei Viana

Os temas sociais fazem parte de nossas vidas cotidianas. Tudo que fazemos e vivenciamos diariamente nos remete a estes temas. Seja o nosso pegar o ônibus e refletir o custo do transporte, o passar por um morador de rua e pensar o motivo dele estar ali ou até mesmo o pagar nossas contas ao receber nosso salário, tudo remete a reflexões sociais. E é óbvio que nossa Igreja já pensa, fala e prega sobre estes temas há séculos, mas e quanto a nós? Conhecemos a fundo ou ao menos o básico dos princípios que norteiam esta doutrina?

Hoje vamos falar de sua origem. Historicamente a Igreja sempre trabalhou questões sociais em toda sua história e continuamente aprimorou esta doutrina. Mas mais especificamente tem início concreto, em sentido de documentos, na Rerum Novarum do Papa Leão XXII passando por inúmeras outras encíclicas e documentos dos Papas seguintes. A expressão doutrina social vem da carta Quadragesimo anno(1931) de Pio XI e designa toda estrutura doutrinal referente a sociedade desenvolvida pela Igreja. Em 2004 surge o Compêndio da Doutrina Social da Igreja Católica, que sintetiza o conteúdo desta doutrina publicado até então, tornando-se o documento referencia para aprofundamento.   

Desde o primeiro documento da DSI, a Rerum Novarum que aborda a questão operária do século XIX que denuncia a penosa situação dos trabalhadores das fábricas, num contexto conturbado logo após a revolução industrial, surgem diversas encíclicas e mensagens referentes aos problemas sociais de cada tempo. Quando faz isto a Igreja não pretende impor-se, mas sim iluminar. O que mais importa neste sentido é a “função de anúncio de uma visão global do homem e da humanidade, e também de denúncia do pecado de injustiça e de violência que de vários modos atravessa a sociedade (Compêndio da Doutrina Social da Igreja 81) .

A Igreja não quer ser uma terceira via de estruturas políticas ou econômicas, nem se atenta aos detalhes técnicos, mas deseja mostrar o sentido moral de cada tema. Interpreta as realidades de cada tempo e alinha ao ensinamento do Evangelho. E esta ação evangelizadora nas questões sociais tem nosso protagonismo! É por isto que implica “responsabilidades referentes à construção, à organização e ao funcionamento da sociedade: obrigações políticas, econômicas, administrativas, vale dizer, de natureza secular, que pertencem aos fiéis leigos, não aos sacerdotes e aos religiosos” (CDSI, 83). A Igreja é Universal e encontra inúmeras realidade ao redor do planeta e não pode ser rígida e unilateral em sua doutrina, mas apresenta claramente uma base para que possamos nos guiar em todos âmbitos doutrinais. A DSI está para nós Católicos como um guia de ação efetiva na sociedade, e se querermos homens novos para uma nova sociedade se faz necessário um efetivo agir social e não há “manual” mais adequado que este.

http://www.vatican.va/roman_curia/pontifical_councils/justpeace/documents/rc_pc_justpeace_doc_20060526_compendio-dott-soc_po.html

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