Por Andrei Viana

 Dando continuidade as publicações sobre a Doutrina Social é importante pensarmos sobre os princípios que a guiam. Assim como qualquer outro “manual” há princípios que estruturam a base de tudo. Neste texto sintetizam-se os princípios para que futuramente possamos adentrar neles individualmente e contextualizando-os. Vamos juntos?!

I. Respeito pela Pessoa Humana 

O que a DSI busca como base é o correto entendimento do valor da pessoa humana. Imago Dei, ou seja, imagem de Deus. Logo o fundamento da doutrina social católica se dá na correta concepção da pessoa humana e do seu valor único, enquanto «o homem (é) a única criatura sobre a terra a ser querida por Deus por si mesma». Nele gravou a Sua imagem e semelhança (Gn 1, 26), conferindo-lhe uma dignidade incomparável” (Centesimus Annus, 11)

II. Promoção da Família

Por detrás de um indivíduo há muito mais, afinal ele membro de uma comunidade. Não podemos nos deixar levar por um individualismo, levando em conta a plenitude da pessoa, sendo a família o primeiro aspecto social de ordem e importância para a Igreja e que é enfatizada como a unidade básica de toda sociedade e que deve ser promovida e incentivada.

III. Proteção dos Direitos de Propriedade

A DSI defende o direito a propriedade privada, mas sinaliza os riscos que a idolatria dos bens pode gerar na pessoa humana, levando a uma busca do sentido da vida unicamente em relação aos bens e ao dinheiro. Por isso sinaliza que o direito trás também deveres e responsabilidades.

IV. Trabalho pelo Bem Comum

“O conjunto das condições da vida social que permitem, tanto aos grupos como a cada membro, alcançar mais plena e facilmente a própria perfeição (Gaudium et Spes, 26).”

Esta definição sintetiza o que o Concilio Vaticano II definiu como bem comum e o que a Igreja ensina como busca não simplesmente de desejos individuais, mas condições sociais a todos.

V. Observação do Princípio da Subsidiariedade

Em meio a tudo isso qual seria o papelo do estado e governo? No pensamento católico deve assegurar o bem comum e prover a defesa e tutela de certos bens coletivos como o ambiente natural e o ambiente humano, cuja salvaguarda não pode ser garantida por simples mecanismos de mercado. Como nos tempos do antigo capitalismo, o Estado tinha o dever de defender os direitos fundamentais do trabalho, assim diante do novo capitalismo, ele e toda sociedade têm a obrigação de defender os bens coletivos que, entre outras coisas, constituem o enquadramento dentro do qual cada um poderá conseguir legitimamente os seus fins individuais” (Centesimus Annus, 40). Em resumo dar subsidio para que a pessoa humana se desenvolva dentro da sociedade.

VI. Respeito pelo Trabalho e pelo Trabalhador

O trabalho humano participa e reflete o cuidado com o que Deus nos deu e também dignifica a pessoa humana. Todo trabalho honesto pode ser santificado e ofertado a Deus e é por meio do trabalho que o individuo pode tornar-se parte de uma sociedade, nunca sendo tratado como um mero operário que deve gerar lucro, mas como parte importante de todo processo.

VII. Busca da Paz e Cuidado com os Pobres

A doutrina não define estritamente como fazer, pois pode ser o caso de uma ação de intervenção de políticas governamentais, ou predomínio de iniciativas privadas e voluntarias, ou ainda de empresários compelidos pela lei ou voluntariamente adotem políticas de auxilio aos necessitados ou por fim as famílias e indivíduos privados assumam esta responsabilidade, pois em cada nação e realidade é que se executa este principio conforme a necessidade, mas a DSI nos impele a refletir seriamente e agir para socorrer os mais necessitados e promover a paz!

Guiados por estes princípios (respeito pela pessoa humana, promoção da família e do direito individual à propriedade, o bem comum, a subsidiariedade, a dignidade do trabalho e dos trabalhadores, e a busca da paz e o cuidado com os pobres), que resumem alguns dos elementos essenciais da doutrina social católica desde Leão XIII a Francisco é nosso dever transformar a sociedade. Nosso Pai e Fundador já nos dizia que

“Podemos, todos juntos, conseguir algo como instrumentos de nossa Mãe celeste, se cada um no seu lugar empenhar todas as suas forças e cuidar que o bem gere continuamente o bem… Queremos apenas ser instrumentos de nossa Mãe celeste. Quanto mais fraco e miserável o instrumento, mais claramente resplandece a glória de Maria no meio das nossas obras… Chegou a hora! Todos devem estar a postos! … Nós vivenciamos somente uma pequena fase da gigantesca luta entre Deus e o demônio… Por mais vitoriosa que seja a investida do espírito do mundo, Deus triunfará.” (Padre José Kentenich 22.5.1916)

e eu não preciso dizer mais nada. Chegou a hora!

Sobre o Autor