Alexander Pope disse, em O Milagre do Perdão, que “o vício é um monstro de aparência tão assustadora, que para ser o diabo basta ser visto; entretanto, vendo-o com muita frequência, familiarizamo-nos com seu semblante, a princípio resistimos, depois conformamo-nos e finalmente o abraçamos”.

O bom e velho mecanicismo, tão denunciado pelo Padre Kentenich, é algo tão banal em nosso meio social e em nossas relações humanas quanto respirar. Inicialmente, nós, como católicos e como schoenstattianos, podemos nos espantar com o andar dessa maravilhosa carruagem chamada Humanidade.

Mas a coisa é tanta que acabamos nos acostumando com tudo. Isso mesmo acontece comigo, vendo, no meio universitário, tantos ataques a Deus.

Mea culpa, mea maxima culpa.

O livro Algo novo está se criando, publicado este ano, contém uma série de textos do Padre Kentenich compilados pela Irmã M. Fernanda Balan. Em um desses trechos, retirado de uma carta escrita em outubro de 1949 na Argentina, o Pai Fundador diz:

A sociedade atual perdeu seu centro de gravidade: Deus. O homem se assemelha a um ébrio a margem de um abismo, devido aos distúrbios do equilíbrio e da governabilidade do mundo. Medo, desvinculação, caos. Confusão, desorientação e desconstrução da natureza humana: eis o homem desumanizado, despersonalizado e massificado”.

Nessa temporada “melancólica” que pautou meus últimos textos por aqui, falei bastante sobre o pensar mecanicista e o colapso da humanidade. Entretanto, fica agora a pergunta:

Como encontrar uma resposta autentica católica e schoenstattiana a esse estado das coisas?

Na conferência de 16 de julho de 1967 em Dachau (também presente em Algo novo está se criando), o Pai Fundador fala da necessidade de nos orientarmos filialmente de volta ao Divino, e aponta isso como uma das razões de ser de Schoenstatt – o homem divinizado, singelo, portador e criador de uma nova ordem social cristã. Also, Kentenich?

“São três expressões centrais que precisamos gravar bem em nós. O homem divinizado é o que vive na fé (…). Entende sua vida batismal como participação na vida transfigurada de Jesus e alegremente concorda com os desejos da eterna sabedoria, assim como admoesta São Paulo: ‘Vosso andar seja no Céu’”.

O homem divinizado é aquele que busca sempre o eco de Deus, não somente conforme a fé, mas vive dela. Ele nunca está separado de Deus, em seu ser e suas ações. Schoenstatt sempre considerou o mundo sustentado por Deus, regido e governado por Ele.

É a grande Obra que Deus, que nossa Mãe Três Vezes Admirável, nos concederam.

O homem mecanicista se considera mais uma engrenagem na máquina terrestre, vive em torno dela, por ela, como a serpente que devora a própria cauda. O homem divinizado é sustentado, impregnado de Deus.

“Já se aludiu a essa nova ordem social no início de nossa história, no documento de pré-fundação (1912) que nos indicou o novo homem na nova sociedade. Desde o início, visamos a renovação da comunidade, da sociedade (…). A sombra do Santuário, os destinos da Igreja e do mundo também serão decididos essencialmente por séculos”.

Uma nova ordem social! Vivemos, aspiramos e morremos por esse objetivo!

Sobre o Autor

Líder de Ramo do Jumas Santa Maria (RS) e estudante de Engenharia de Computação na UFSM.