“Por mais que reclamemos, não sabemos o que é realmente passar por dificuldades. Resolvi dedicar um pouco do meu tempo a quem precisa. Isso vem me trazendo um grande aprendizado.” A avaliação é de Camila dos Santos Cardoso, voluntária do Schoenstatt Social, entidade que atua em Ibiporã, região de Londrina.

Os recursos destinados pelos governos em seus três níveis (municipal, estadual e federal) para entidades sociais nunca são suficientes para atender a demanda. Não há como atender a todas as comunidades carentes. Por esse e outros motivos, iniciativas não governamentais estão sendo mais freqüentes.

Um exemplo é o projeto Schoenstatt Social que funciona há 11 meses. Os voluntários fazem os mais variados trabalhos, entre os quais arrecadam mantimentos. Eles conseguem a ajuda de profissionais como dentistas, médicos, cabeleireiros e se deslocam para a comunidade da vila Ype, na região leste de Ibiporã, na região de Londrina.

A idéia do projeto surgiu a partir da necessidade de engajar jovens universitários participantes do Movimento Apostólico de Schoenstatt, em atividades que os mesmos pudessem colocar em prática aquilo que aprendem no campo acadêmico e também fazer com que os futuros profissionais tenham consciência da realidade social que os rodeia.

Elder Semprebom, coordenador do projeto, afirma que um dos objetivos é interferir na formação do profissional. “Basicamente são dois [objetivos]. O primeiro é de formar profissionais diferentes, mais humanos e responsáveis socialmente. O segundo visa a atender às necessidades da comunidade, oferecendo atividades que possibilitem o bem-estar.”

O reconhecimento de um trabalho voluntário pela sociedade não é rápido e nem fácil. Poucos são os voluntários, os recursos são escassos e a aceitação da comunidade é demorada. “Inicialmente houve uma timidez por parte das crianças, mas a cada novo encontro elas têm demonstrado estar mais próximas de nós. Porém o trabalho com jovens e adultos ainda caminha em passos lentos”, afirma Semprebom.

Ele diz que outra dificuldade é que até o momento o projeto tem se mantido com doações de particulares e da associação mantenedora do projeto. Para 2006, ele diz esperar uma evolução nesse sentido, atraindo algumas empresas privadas como colaboradoras.

Segundo a assistente social Ireni Sorgi há uma grande diferença entre o assistencialismo e a assistência social. “O primeiro é uma ajuda momentânea, temporária, caridade. A assistência social visa promover a comunidade, fazer com que ela possa reconhecer seus direitos e deveres e lutar por uma vida melhor.”

Ireni Sorgi lembra que com a Constituição de 1988 e a Lei Orgânica de Assistência Social (Loas), a assistência social tomou outro rumo, passando a ser uma política social, com plano de trabalho ligado a uma ação e não ao assistencialismo. Assim, o voluntariado deve também seguir essa política.

“Apesar das dificuldades, estar engajado em alguma atividade social é algo compensador. Para começar a confiança depositada em nós é inacreditável”, afirma Camila dos Santos Cardoso, voluntária do Schoenstatt Social. “Por mais que reclamemos, não sabemos o que é realmente passar por dificuldades. Resolvi dedicar um pouco do meu tempo a quem precisa. Isso vem me trazendo um grande aprendizado.”

Sobre o Autor

Juventude Masculina de Schoenstatt.