Escrito pela Dra. Alicja Kostka, do Secretariado José Engling da Polônia.

 

A decisão de parar o processo de José Engling, no momento, causou consternação entre seus devotos seguidores. Um grupo de pessoas responsáveis pelo site www.engling.pl perguntou se essa informação deveria ser publicada.

As pessoas na Polônia, onde se encontra a casa de José Engling hoje, se mostram céticas quanto às possibilidades de seu processo de beatificação. A decisão das autoridades romanas competentes parece confirmar a cautela. Eu só consigo sair da minha decepção quando me lembro de uma frase de Horst Meyer, antigo amigo de José Engling que agora pertence ao Instituto das Famílias. Ele citou um verso da “Oração do Dirigente”, do Rumo ao Céu, enquanto enfatizava as palavras “e assim”:

Esta é a oração do Pe. Kentenich:

“José Engling também seja em breve canonizado

e assim sejam vencidos todos os obstáculos

que se opõem à eficácia de tua Obra

e impedem ver com fé o plano do Pai” (RC 527)

 

A decisão de Roma em meados do Ano do Pai – um convite?

Por que nos chegou essa informação em meados do nosso Ano do Pai? Podemos fazer essa pergunta através da Fé na Divina Providência. Para poder responder a essa pergunta, devemos mencionar a relação de pai e filho que existia entre o Pe. Kentenich e José Engling, assim como a fé do Pe. Kentenich e sua confiança em que Schoenstatt é uma obra de Deus e, por isso, um presente para a Igreja.

O Pe. Kentenich citou o Pe. Schulte, “Engling, pessoalmente, acreditou firmemente no chamado especial de Schoenstatt. Essa fé foi o motivo de sua maneira específica de dizer as coisas, por sua certeza na vitória e sua forte consciência de missão. Sua inquebrantável convicção nessa missão especial o deu a força para suportar qualquer sacrifício, inclusive para oferecer sua vida à Santíssima Virgem pela realização dessa idéia […]” (Carta de 1954). A beatificação de José Engling, pela qual o Pe. Kentenich sempre esperou “em um futuro previsível”, se manteve, em sua opinião, como a autenticação de Schoenstatt como obra divina. Assim como o Pe. Peter Wolf enfatiza, “Esta é a única maneira de entender a segunda linha, ‘e assim sejam vencidos todos os obstáculos’ (Oração do Dirigente, Rumo ao Céu, p.167).

José Engling se manteve como exemplo para a cooperação de toda a família com a nova iniciativa divina e o novo jorrar de graças divinas sobre Schoenstatt (“Nada sem nós”). Nós o encontramos no início da história de Schoenstatt “como um modelo divino gigantesco que Deus […] utilizava constantemente como orientação para a formação e direção da família” (cf. Notas Crônicas para o Arquivo, 1957). Este modelo nunca perdeu a atualidade, já que nos recorda neste tempo de preparação para o jubileu das Regras do Jogo de Deus, com as quais ele seguirá fazendo seu trabalho. Talvez, nesse tempo de graças, nós devamos enfatizá-las.

 

O Terceiro Milagre da Noite Santa – com José?

No tempo do exílio do nosso Pai, José Engling era uma ponte ao Pe. Kentenich; uma ponte que desenvolveu a Corrente do Pai e que se manteve substancialmente pelo “filho”. O regresso de Milwaukee se deu – de acordo com as palavras do próprio Pe. Kentenich – através de Cambrai: em 12 de setembro de 1965, se abençoaria o Santuário da Unidade no lugar onde José Engling morreu; um dia depois, o Pe. Kentenich recebeu o telegrama que o chamava de Milwaukee a Roma. Ao sair de Milwaukee, enquanto seu avião voava sobre a França ele, das alturas, conscientemente acenou a José Engling em Cambrai. O “Segundo Milagre da Noite Santa” aconteceu através da cooperação de toda a família, que se manteve junto ao pai com lealdade filial. E se José sempre se manteve conectado ao Pai, não se deveria também incluí-lo essencialmente no “Terceiro Milagre da Noite Santa” e aplanar o caminho do Pai à Igreja? Agora que se espera um novo “Cor unum in Patre”, não deveria seu filho dar um passo mais forte à frente? A repentina pausa de seu processo não chama a atenção para ele – ainda que seja uma atenção de surpresa e desalento, mas como um convite para isso?

 

“Canonizem-no vós mesmos!”

Quando a família de Schoenstatt pediu a João Paulo II pela beatificação do Pe. Kentenoch para celebrar o centenário de seu aniversário, ele respondeu na Praça de São Pedro: “Canonizem-no vós mesmos!”. Por analogia, não podemos dizer hoje, com o olhar em José Engling e no estágio atual de seu processo, “Recomecem o processo!”, através do espírito de Engling? Não é este um convite para voltar a descobrir o espírito de Engling e integrá-lo mais fortemente na maneira em que pensamos, vivemos e amamos? Poderíamos, talvez, dar a ele uma nova forma, criativa e adaptada ao momento presente?

 

“O que significa o espírito de Engling hoje em dia? Vou tentar resumi-lo em quatro pontos:

1. A realidade da Aliança de Amor com Maria. Convidá-la seriamente à sua vida cotidiana, a viver e compartilhar tudo com Ela.

2. Uma conexão filial com o Pai Fundador – em caminho à santidade pessoal.

3. Luta séria para nos confiarmos, e confiar as pessoas que nos rodeiam e de quem cuidamos, no espírito do ideal pessoal – o modo como Deus quer nos ver.

4. Identificação com a missão de Schoenstatt e com a presteza, como a de José Engling, para dar tudo por ela, inclusive a vida.

 

Para isso, o Pe. Kentenich diria “Vive o teu primeiro amor!”. Muitos de nós temos uma verdadeira amizade com José Engling, agora devemos refrescá-la, redescobri-la, fazê-la frutífera para o Kairós 2014. Nosso amigo que se pôs à prova nos surpreenderá e recompensará.

No ano de 2012, terão passado cem anos desde a chegada de José Engling a Schönstatt, desde Prositten. Não deveria ele vir a Schoenstatt uma vez mais através de nossa confiança filial em nosso Pai? Sua chegada poderia ser comparada com a primavera, como o Pe. Kentenich a formulava: “Na primeira primavera da história de Schoenstatt, o mundo floresceu com maravilhosa glória nele, e assim, junto a ele, outros cresceram lentamente e ganharam vida” (Carta de 1954). Não é o triênio o tempo mais adequado para preparar uma nova primavera como José e, como ele, com o Pai? Como José, poderíamos tomar posse do trabalho do Pai para levá-lo à Igreja, e assim, “beatificá-lo” em nossos pequenos grupos.

 

“Quem me viu, viu o Pai” (cf. Jo 14, 9b)

Os participantes da “Conferência 2014” descreveram o Jubileu de 2014 com muitas etiquetas e palavras coloridas. Uma delas se repetia em diferentes idiomas e soava particularmente interessante. Dizia “tornar-se um pequeno Kentenich”. Se em cada um de nós, em seu próprio estilo, se convertesse em um “kentenechiano(a)”, avivando o espírito do Fundador, dando-o uma oportunidade para que, com seu carisma, um “estilo de vida kentenichiano” se tornaria realidade em muitos âmbitos, com diferentes rostos e fornas. Nesse sentido, José Engling era o filho mais fiel do Pai, que disse sobre Engling: “Pessoalmente, acredito que posso testemunhar pessoalmente [algo que nenhum de nós poderia fazer] que ele não somente tornou todas as idéias essenciais de minhas palestras e discussões, mas também fielmente as recordava e assimilava constantemente (Notas Crônicas para o Arquivo, 1957). Os filhos e filhas fiéis do Pai, de modo semelhante a José Engling, não tem medo de ser “as flores preciosas” da geração” (PJK), a fim de propagar o “aroma Kentenich” e de apontar para ele.

Não se inclui aqui o Evangelho da Oitava do Domingo da Misericórdia desse ano uma mensagem inspiradora e poética para todos nós que somos irmãos e irmãs de José Engling e filhos de nosso Pai? “Quem me viu, viu o Pai”.

 

Via Cambrai (e Prositten) até Roma!

Esse espírito vive expressivamente ilustrado nas imagens do Santuário de Eswars, na França. É uma expressão do programa de vida da União das Senhoras de Schoenstatt: “nas ruas deste mundo, em união espiritual, levar uma vida espiritual profunda”! Em 1966, as colocaram nas ruas de Eswars (hoje em dia, se encontram no cemitério de Eswars), à sombra do arbusto onde José Engling escreveu seus últimos apontamentos em seu horário espiritual horas antes de sua morte, e onde seu último caminho começou. Trata-se de uma mostra duradoura da presença dessa comunidade em Cambrai/Eswars.

“Via Eswars, até Roma” dá a impressão de espera para que José Engling se envolva com a entrada de nosso Pai à Igreja, através de sua beatificação, da mesma maneira como o fez em seu retorno do exílio. Desde 1975, essa intenção esteve fortemente conectada com o Santuário de Belmonte, o precursor do Matri Ecclesia, na Itália. Ele é uma cópia do Santuário de Eswars. Um curso de sacerdotes da União “descobriu” este símbolo antes da bênção do Santuário de Belmonte, em 2004 e, através dele, descobriu o ideal de seu curso. O caminho a Roma passa por Cambrai/Eswars: ao longo das ruas, em que se desenvolve a vida cotidiana dos schoenstatteanos. Essa forma moderna de santidade se personifica permanentemente em José e encontra a inspiração nele o tempo todo.

No entanto, esse caminho também passa por Prositten. José escreveu em seu diário: “Tanto amor [que ele encontrou em sua família] deve reinar também em Schoenstatt”. Apesar do caos dos anos pós-guerra, seu lar se manteve como propriedade da família de Schoenstatt. Mesmo que sua família já não esteja lá, essa casa ainda respira essa atmosfera dessa família em que José cresceu. Ao mesmo tempo, é um símbolo simples da visão do Pe. Kentenich: Schoenstatt (a Igreja) – uma família, um lar. A simplicidade do exterior significa, com corações abertos para todos os que virão. Que nos unamos a José para preparar o caminho de nosso Pai ao coração da Igreja, ao coração de Schoenstatt, mas também – e sobretudo – aos nossos corações. Logo se farão milagres.

 

 

Todas as citações, exceto as do diário, foram tirafas de uma coleção de textos feita pelo Pe. Josef María Klein, entitulada: “Pe. José Kentenich, José Engling, Textos Colecionados” (ainda não traduzida).

Tradução: Filipe Araujo

Fonte: www.schoenstatt.org

Sobre o Autor

Juventude Masculina de Schoenstatt.