No artigo anterior, afirmei que o trabalho santifica o homem diante de Deus. Além disso, também citei a visão do Movimento de Schoenstatt como a de “ser sal e fermento no meio do mundo”.

No livro Santidade de Todos os Dias, o Padre Kentenich dedica toda a segunda parte à vinculação do homem ao trabalho. Anteriormente, lemos as palavras dele sobre a visão negativa do trabalho que se criou no mundo moderno e sobre como o cristão deve deixar essa mania de lado.

Mas, como fazer isso? Relativamente simples. O Padre Kentenich explica que santificar o trabalho é algo normal para o ser humano cristão. Ele busca isso.

O cristão se distingue por um sentido muito prático da realidade. Por isso é anseio de seu coração orientar todas as suas lutas e aspirações nas profundas realidades naturais e sobrenaturais (…). Sendo o trabalho, objetivamente, uma participação na atividade criadora e comunicativa de Deus, o cristão não descansa enquanto não conferir a esta obra seu verdadeiro sentido: um contínuo trabalho de colaboração com Deus e para Deus.

Ênfase na palavra “relativamente”. Da mesma forma que o ser humano é propenso a ligar seu trabalho a Deus, isso se torna provação. O mundo está repleto de oportunidades para o ser humano se afastar do projeto divino, no entanto, antes disso ser motivo para afastar-se de tudo e viver isolado da sociedade, é motivo para fortalecermos nosso Espírito em Deus.

“Dois são os fatores essenciais de sua aspiração a Santidade: provar seu amor a Deus na sobriedade da vida cotidiana e guardar a clausura do coração, conservando-o recolhido e interiormente preservado no meio da agitação dos grandes centros (…). Deus está presente em toda a parte, por sua essência, sabedoria e poder. Nas mais íntimas partículas do universo, Ele está inteira e totalmente, com todo o seu ser (…). Deus conserva e rege o mundo (…)! Deus opera em nós e conosco, quer estejamos comendo ou dormindo, rezando, trabalhando ou atuando de qualquer outro modo. Não podemos imaginar-nos quão próximo de nós está o Senhor. ”

Um bom exemplo é o ato de limpar o quarto. É uma tarefa necessária e enfadonha de se cumprir. No entanto, é possível pensar em Deus enquanto ela é feita. O fato de ter um quarto para limpar é sinal da graça de Deus em nossas vidas, quando muitos infelizmente não têm onde reclinar a cabeça. Assim, o esforço é ofertado em sinal de gratidão.

Outro exemplo, citado no livro, é o da dona de casa que realiza seu trabalho na cozinha de forma amorosa. Muitas energias criadoras e oportunidades de dar e receber amor podem sair do ato de cozinhar.

Para o cristão, é natural que muitas vezes comtemple o bom Deus enquanto trabalha (…). Sempre que o trabalho o permite, recorda com alegria a presença e o amor de seu Deus. Como o girassol que se volve continuamente a luz do sol, sua alma está abrigada em Deus. ”

Em suma, podemos rezar enquanto trabalhamos, enquanto cuidamos das atividades domésticas, no estudo, no grupo de pesquisa na faculdade, ou pedindo ao Espírito Santo antes de uma reunião importante.

O trabalho é uma fonte inesgotável de bênçãos.

“Assim, o cristão pensa, vive e ama como filho singelo da providência, todo embevecido da Sabedoria Eterna. Em todos os acontecimentos, também nas desilusões e nos golpes da adversidade, sabe descobrir uma intervenção divina que pode alterar decisivamente o rumo da própria vida, ou ainda, uma saudação de Deus que espera do próprio filho uma resposta de amor. ”

É como regra beneditina diz: Ora et labora. Ou seja: “Ore como se tudo dependesse de Deus e trabalhe como tudo dependesse de você”.

Sobre o Autor

Líder de Ramo do Jumas Santa Maria (RS) e estudante de Engenharia de Computação na UFSM.